segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia do Pai

Mais uma vez se comemorou no dia 19 de Março o Dia do Pai.

Este ano elaborámos um pequeno "Livrinho" para o Pai.











Na sua elaboação reutilizámos sacos de papel que tínhasmos lá por casa.

Aqui fica o registo!



 Este foi o envelope!

A minha rua

A rua onde nascemos e vivemos fará sempre parte da história da nossa vida quer queiramos ou não.
Assim acontece comigo.
Embora a minha rua não seja uma grande avenida ou uma alameda de uma grande cidade, tem a importância e a nobreza por tudo o que contribuiu para o meu enriquecimento como pessoa. Faz parte de mim como eu faço parte dela há cinquenta e um anos.
Quando eu nasci, era uma rua de grande importância comercial para a época (década de 50). Era aqui que, semanalmente, se realizava o mercado e, uma vez por mês, a feira, num espaço próprio criado pela Santa Casa da Misericórdia.
Mas, não se ficaria por aqui.
Se alguém pretendesse adquirir uma bicicleta ou uma motorizada ou mesmo consertá-las,tinha aqui a oficina do «Manel Albata», que funcionava numa loja anexa à casa dos meus queridos «Pins».



Casa dos "Pins" - antiga oficina do Manuel Albata

Se por acaso fosse um viajante que aqui precisasse de pernoitar, teria à disposição a familiar «Pensão Castela», explorada pela calorosa Sr. Alice.
O Sr. Alípio resolvia qualquer necessidade que se relacionasse com ferragens, drogaria, práticos e acessíveis móveis e utilidades para as casas modestas e utensílios ligados à lavoura.
Logo a seguir, tínhamos a mercearia do Sr. Lopes e da D. Eugénia, um casal já de certa idade, onde eu gostava de comprar as melhores «línguas de gato» ou as «Madalenas» e onde a minha avó ia algumas vezes comprar pano para fazer umas almofadas, porque esta loja tinha uma secção ligada aos panos.


Mercearia do Sr. Lopes

Hoje, passando diariamente em frente deste edifício em total degradação,olho-o com um olhar de fascínio apaixonado pela traça arquitectónica da sua fachada, questionando-me se nesta terra não há sensibilidade para salvar este património tão rico?!
Logo surgia o largo da feira onde se implantava a carpintaria do Sr. Ricardo, a padaria do Sr. Moisés onde todos os dias se amassavam, coziam, vendiam e se procedia à distribuição de «bicos», «carcaças» e «pão de segunda»_ antigamente procurado pelas pessoas de parcas posses e hoje posto na mesa mais chique_ e a mercearia da minha avó, mesmo em frente aos portões  principais da feira.


Mercearia "Lusitana" a loja da avó Lúcia

Esta foi uma mercearia importante no comércio da rua e no meu crescimento como pessoa. Sendo um pouco diferente da mercearia do Sr. Lopes, era um espaço rico pela variedade e qualidade de produtos que vendia, pela diversidade de clientela que ali afluía, não só da Póvoa como das aldeias do concelho, como ainda das diferentes gerações que ali trabalhavam_ avó, filha e netos.
Metendo-nos pelo beco da padaria, ainda poderíamos encontrar uma loja de chapéus de um feirante.
Contíguo ao largo da feira, surgia o largo onde se concentravam os armazéns do peixe, pertença de uma sociedade de famílias oriundas do Montouro- Gaitas, Neto e Carriço-, onde as peixeiras se iam abastecer para depois vender na feira ou pelas ruas e aldeias limítrofes.
Ainda neste largo se alojavam alguns armazéns de sementes e a taberna do Sr. Neto e da Sr. Rosa que, além de bebidas servia alguns petiscos.



Taberna do Sr. Neto

Um pouco mais a cima, havia a serralharia do Sr. Rolo e a forja do Ti Carlos Guedes, onde todos os Sábados eram picados foicinhos. Para além deste ofício,era criador de vacas e cabras e leiteiro.
Havia ainda nesta rua um vendedor de cavalos- o Ti Custódio-, alguns sardinheiros ambulantes -Ti Maria Arranca e o marido e sr. Manuel Faitas e a mulher- e a padeira que fazia as mais deliciosas «padas» que comi na minha vida- a Ti Nazaré Ré.
Quase no términus da rua havia um armazém de loiça de barro- pratos, alguidares, caçoilas, pichorras,...-pertença da Ti Delfina.
Durante muitos anos, era também aqui que se situava o principal lugar de culto - a Capela de Sant`Ana- duas escolas e a Casa da Criança da Fundação Bissaya Barreto.
 Mas, a rua não era só feita de espaços de comércio.Ela era também rica em pessoas, algumas delas bem peculiares.
Convivi sempre com toda a gente.Os que ali viviam e os que ali iam. De todos tenho histórias para contar.
Fui sempre uma criança feliz e acarinhada por todos.
            

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