quarta-feira, 12 de outubro de 2011

setembro nostálgico



Setembro...
O sol brilha com menos fulgor.
Acalma o mar azul.
Corre a brisa mansa.
A praia fica deserta.
Chegou o momento de acariciar a areia com o meu corpo e beijar a espuma do mar.
Refresco-me nestas águas calmas, azuis, verdes...
Passeio à beira mar...Só...Calma...Triste...e, ao mesmo tempo, feliz por poder apreciar e gozar esta imensa beleza...
Recolho as conchas, as estrelas do mar, os ouriços, os búzios...e em cada um levo comigo uma recordação dos anos doces da minha vida.
Por cima de mim sobrevoam as gaivotas, num voo gracioso e planejado, emitindo um grasnar que sintoniza bem com a melodia do mar.
É indescritível o que sinto no meio deste rumorejar e deste odor inebriante a maresia, num fim de tarde...Estonteio...
Olho o sol morno. Cerro os olhos. Caio sobre a areia branca e deixo-a correr entre os dedos. Envolvo-me nesta magia e permito que o meu sonho acompanhe a brisa mansa do mar.
Só... Muito só...
O mar, o sol-pôr, a brisa, a maresia e as gaivotas...vivem comigo esta a solidão que me fere e reconfortam-me com a sua poesia...
Em vão olho as dunas onde o vento balança a caniçada. Não... o meu amor não volta mais...
Não há mais sonho a dois...Apenas solidão poética e nostálgica.
Não há mais amor sobre a areia de uma praia deserta...
Não há mais amor refugiado nas dunas numa manhã de nevoeiro...
Não há mais beijos proibidos nem carícias desejadas...
Não há mais abrigo nos braços de quem amei...
E é neste perder de Amor e  Poesia que eu não entendo que se atinja a maturidade...
Se ser adulto é perder o que de belo a vida tem, então vale mais morrer com a juventude, no dia em que ela termina.
Não sei onde perdi o meu amor...
Não o enterrei na areia, não o afoguei no mar, não o deixei levar nas asas do vento...
Perdi-o apenas por deixar de ter 18 anos...
Rolai, lágrimas dos meus olhos...Sois livres...e a liberdade não se rouba a ninguém...
Rolai, lágrimas, e engrossai estas águas que ao espraiarem me beijam os pés em ato de consolo.
Porque nesta tarde de setembro, toda esta natureza que me rodeia está solidária comigo...
Nostalgia...Paz...
Quanto é importante para mim a filosofia da vida!...
Quanto me é difícil abrir os olhos e não ignorar a competição corruptiva que encontro fora desta praia.
 Os homens  transformaram-se em monstros que se cruzam, se atropelam, se ignoram, se odeiam, se matam...por bens materiais e «amor» carnal.
A inveja come-os uns aos outros. Não são capazes de pegar nas armas chamadas Amor e Paz pois estão num patamar inatingível para as suas inteligências tão parcas.

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